“Cada Macaco no Seu Galho”
Ditados Populares: Macaco velho…
Mula sem Cabeça
De acordo com Cascudo (1983: 402-403) , esse mito seria uma mulher que foi amante de um padre e por causa disso foi amaldiçoada. Nas noites de quinta para sexta-feira ela vai para uma encruzilhada e se transforma na besta. Ela então percorre sete povoados ao longo desta noite e quando encontra alguém, chupa seus olhos, unhas e dentes.
Diz a lenda que a Mula sem cabeça emite ruídos estridentes que se ouvem ao longe e mesmo sendo sem cabeça (no lugar dela há fogo) os relinchos são inevitáveis. Outras histórias dizem que tem a cabeça, solta fogo pelas narinas e pela boca, onde tem um freio de ferro. Tem cascos afiados calçados com ferro ou prata que machucam bastante. Costuma fazer suas aparições em pequenos povoados ou cidades onde existam casas que rodeiam uma igreja.
A tradição oral diz que ela chora como se fosse um humano, lamentando a sua triste sina.
Para acabar com este encanto é necessário que alguém que resida na mesma região tenha coragem o bastante de arrancar-lhe da cabeça o freio de ferro –artefato de metal ou outro material, formado de duas hastes unidas por uma terceira peça perpendicular que se prende à cabeça e aos focinhos das cavalgaduras e permite a condução desses animais. (HOUAISS: 2001) Uma vez feito isso, a Mula sem cabeça voltará a ser mulher, aparecerá nua e arrependida. Uma outra forma de quebrar o encanto é tirar o sangue da assombração, mesmo que seja com a ponta de um alfinete. Um processo parecido com o do lobisomem.
Para evitar a maldição o padre amante deverá excomungar a companheira antes de celebrar uma missa.
Outros nomes que recebe de acordo com as regiões: Burrinha do Padre, Burrinha, Cavalo sem cabeça, Mula Preta, Padre sem cabeça.
É um mito que já existia no Brasil colônia, segundo documentação da época. É comum em todo o Brasil. Mas existem versões parecidas sobre essa maldição em alguns países hispânicos, como o México.
A lenda sofre algumas variações com o passar dos anos e de acordo com a região. Mas o que prevalece mesmo é que a Mula sem cabeça é a mulher do padre.
Algumas representações da Mula sem cabeça:
Bibliografia
CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro. Rio de Janeiro: Ediouro, 1983.
HOUAISS, Antônio. Dicionário Eletrônico Houaiss de Língua Portuguesa. São Paulo: Objetiva, 2001. 1 CD-ROM.